domingo, 26 de fevereiro de 2012

(a)madrugada

3:10 A moça cambaleante tragava seu cigarro apagado. A velocidade dos faróis desgovernados era tão rápida quanto as rodas dos skates já encostados nas paredes. Do violão do garoto de cabelos desgrenhados saiam acordes solitários, quase tão solitários quanto os nossos olhares ao se tocarem. A moça agora se dera conta do cigarro ainda não queimado entre seus dedos. Ascendeu-o então. A avenida pertencia à todos que a quisessem e a fizessem ser necessária. Nos intervalos das cores - verde amarelo vermelho - ela mais parecia uma pista de dança para aqueles que se arriscavam, dançavam e distribuíam como cestas básicas em época de eleição. Sorrisos amarelos e efusivos. 3:25 Dezessete graus. O relógio digital lá no alto do Center 3 avisava que a madrugada era fria - como se fosse necessário. Alguns andarilhos se aproveitavam de cobertores que me pareciam bem aconchegantes. As mãos daqueles que estavam ali, apenas de passagem, eram aquecidas entre as pernas ou nas mãos dos companheiros. A moça do cigarro apagado tirava os sapatos de salto alto, mas parecia ainda mais difícil se equilibrar com os pés no chão. Quanto mais próximo às nuvens, maior a calma. Ali eram todos um só, todos presos e ao mesmo tempo tão soltos. Presos na solidão e soltos no muno. 3:40 Era tudo tão fugaz, tão banal que o maior receito ali era não fazer. Agora as palavras da minha avó faziam efeito: "Leva uma blusa, vai esfriar". O vento fazia minhas lágrimas ainda mais congelantes, já não bastasse o frio que me causaram.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Respostas...?

Já me existiram momentos difíceis, que eu achei que não haveria escapatória se não o uso de artifícios para manter a sanidade, mas acontece que a cada momento eu percebo que estou mais lucida do que nunca. Tenho planos, anseios e vontades normais - creio eu. Mas então, o porque de eu me sentir tão distante da realidade das pessoas mais próximas? Sim, próximas, porque amigos eu já nem sei quem são. Porque me parece que todos estão andando rumo a lugar nenhum? Porque então eu me sinto tão sozinha? Porque então me parece que as pessoas não tem objetivos reais traçados, elas simplesmente vivem? Outras até tem seus objetivos, mas não me demonstram guiar por caminhos que eu pisaria. Eu sei, e já entendi que determinadas coisas precisam ser deixadas de lado para podermos evoluir, mas porque praticar a arte de desapegar é tão mais difícil do que deveria ser? Sera que não sou eu quem está andando em direção a nada? Será que não sou eu quem está olhando por um único caminho? Apesar de achar que não, posso, com toda certeza, estar errada. Eu tenho medo de percorrer todo um caminho e no final dele ver apenas um muro e uma placa "rua sem saída". Todas as escolhas, lágrimas, risos e encontros e desencontros foram em vão? Claro que não. Alguma coisa nós aprendemos durante todo o caminho, mesmo que a rua sem saída indique a necessidade de voltar alguns passos para progredirmos outros. São tantas as perguntas que tem rondado a minha mente que já se vão mais de 5 dias extremamente mal dormidos. A mente não para, a inquietude atormenta a alma. Mas será mesmo que um dia alguém no mundo não terá uma pergunta a ser feita?